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ClimaInfo, 19 de agosto de 2024

 







Uma leitura diária dos muitos assuntos relacionados às mudanças climáticas

16 de agosto de 2024

 

Os efeitos do avanço da exploração de combustíveis fósseis sobre a Amazônia

Série de reportagens mostra riscos para o meio ambiente e comunidades próximas de projetos de petróleo e gás fóssil na maior floresta tropical do mundo.

Quando se trata da Amazônia, o desmatamento e as queimadas ligadas ao avanço da pecuária na região e o garimpo ilegal geralmente são lembradas como as principais ameaças à maior floresta tropical do planeta. Contudo, o bioma também corre riscos crescentes com o avanço de atividades econômicas “legalizadas”, muitas vezes estimuladas pelo próprio governo.

Uma dessas é a exploração de combustíveis fósseis. Atualmente a Petrobras e a Eneva já exploram e produzem petróleo e gás fóssil no Amazonas, em pleno coração da floresta. Recentemente outra empresa, a Atem, adquiriu áreas exploratórias terrestres na Amazônia no “Leilão do Fim do Mundo”, realizado pela ANP em dezembro do ano passado.

No litoral amazônico, a Petrobras tenta licenciar a perfuração de um poço para explorar combustíveis fósseis no bloco FZA-M-59, a 160 km de Oiapoque, no Amapá. As características do local e o modo de vida das comunidades do entorno são o tema do 1º capítulo da série de três reportagens Amazônia na Rota do Petróleo”, de Vinicius Sassine e Lalo de Almeida, da Folha, que visitaram locais com projetos de petróleo e gás já instalados ou em avaliação.

No Parque Nacional do Cabo Orange, especialistas ambientais, pescadores e indígenas relatam o temor com um vazamento de petróleo caso a operação da Petrobras no bloco FZA-M-59 se concretize. A intensidade das marés na região alimenta a preocupação em caso de espalhamento de óleo. A estatal, por sua vez, defende que a operação é segura.

A primeira certeza compartilhada na região é que a exploração de petróleo e gás fóssil vai ocorrer, e não há mais expectativa de que o projeto seja barrado diante da pressão da Petrobras, do Ministério de Minas e Energia (MME) (saiba das falas recentes do ministro) e do próprio presidente Lula. A segunda é que um derramamento de óleo e a chegada deste à costa seriam desastrosos, com danos irreversíveis à vida no lugar, tamanha a sensibilidade e a conexão de sistemas biológicos e cadeias produtivas, detalha a Folha.

Usando modelagens, a Petrobras diz que um eventual vazamento de petróleo não chegaria à costa brasileira, mas em outros oito países do Caribe e talvez na vizinha Guiana Francesa. Mas estudos científicos independentes, o Ministério Público Federal (MPF), lideranças indígenas e de pescadores da região e gestores do ICMBio que cuidam do Cabo Orange afirmam que pode haver transporte de óleo até a costa brasileira. Seria um movimento semelhante ao de objetos perdidos no mar, arrastados para a costa na altura de Oiapoque, pela dinâmica das correntezas. Isso já ocorreu com restos de um foguete e de um barco.

Técnicos da Petrobras percorrem os pontos em terra mais próximos da área a ser explorada, como o Cabo Orange, em busca de respostas sobre a dinâmica do lugar, em caso de derramamento de óleo. Até agora não encontraram respostas suficientes, nem ouviram quem está acostumado aos ciclos diários de marés e a um movimento de expansão – de até 2 m por ano – dos mangues.

É como se nem existíssemos”, diz Edmilson dos Santos Oliveira, coordenador do conselho de caciques dos Povos Indígenas de Oiapoque. “No começo do ano passado, técnicos da Petrobras se reuniram com os Caciques e disseram que uma pesquisa seria feita para constatar a existência de petróleo. Foram muitas palavras técnicas. Não entendemos quase nada.”

Para piorar a situação, a exploração de combustíveis fósseis na região já provoca ondas migratórias antes mesmo da perfuração do poço. Oiapoque não é a mesma cidade de antes: há as ocupações que cresceram de forma desordenada nas imediações do aeroporto, repetindo o processo de favelização que aconteceu em Macaé (RJ) e em outras cidades brasileiras que se tornaram “eldorados” da exploração de petróleo e gás fóssil.

A ocupação Areia Branca expandiu como nunca desde o ano passado, na esteira da expectativa com o petróleo. “Meu irmão foi na minha cidade, no Pará, e me chamou. ‘Bora lá, porque Oiapoque vai ser bom de ganhar dinheiro, a Petrobras está indo para lá’. Aí a gente veio”, diz Ednalva Feliciano, recém-chegada ao Areia Branca com o marido e uma filha.

Eles repetem o movimento de outras 300 famílias do Areia Branca. Ao lado, outra ocupação, Nova Conquista, se confunde com a floresta.
 

A “transição energética” de Alexandre Silveira inclui mais combustíveis fósseis e energia nuclear

Ministro volta a falar em transição “sem extremismo ambiental ou ideológico”, mas radicaliza ao defender petróleo na foz do Amazonas e conclusão de Angra 3.

O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, até tenta dar nuances “verdes” a seus roteiros narrativos, mas não consegue esconder sua posição radical em defesa dos combustíveis fósseis. E num país com vento e sol à vontade, ainda é capaz de defender uma fonte de energia cara e perigosa como a nuclear.

Mais uma vez, Silveira disse que o Brasil precisa de uma transição energética “sem extremismo ambiental ou ideológico”, informa o Brasil 247. O que ele chama de “extremismo ambiental ou ideológico” é a vasta comprovação científica de que o Brasil e todos os países do mundo precisam abandonar urgentemente os combustíveis fósseis, principais causadores das mudanças climáticas, e investir pesadamente em fontes renováveis de energia. Mas para quem, em plena Cúpula da Amazônia, questionou o IPCC, não surpreende.

O ministro, ele sim, é radical em defender a exploração de petróleo no Brasil até a última gota. Não à toa se encontrou semana passada com o secretário-geral da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP), Haithmam Al-Ghais, para falar do potencial petrolífero do país, relata a Folha. Lembremos que em plena COP28 Silveira não apenas antecipou que o país aderiria ao cartel como comemorou a decisão.

A defesa radical da exploração de petróleo até a última gota não respeita sequer as decisões técnicas do IBAMA. Nesse sentido, Silveira conseguiu colocar Magda Chambriard à frente da Petrobras e ganhou mais uma aliada para pressionar politicamente o órgão ambiental e o Ministério do Meio Ambiente (MMA), com aval do presidente Lula, pela liberação da licença para a estatal explorar combustíveis fósseis no bloco FZA-M-59, na foz do Amazonas.

A prova de que Silveira quer tornar política uma decisão técnica pode ser encontrada em uma fala sua, destacada pelo Valor, em evento da Carta Capital: “Não podemos deixar de conhecer nossas potencialidades da Margem Equatorial [eufemismo usado pelos defensores do petróleo para evitar o nome “foz do Amazonas”] respeitando, dentro da mais rigorosa determinação da nossa legislação ambiental, mas sem extremismo ambiental ou ideológico, com bom senso, sentando na mesa, discutindo caminhos”.

Se de fato respeitasse a legislação ambiental e sua tecnicidade, o ministro não teria sugerido à Advocacia Geral da União (AGU) abrir uma “mesa de conciliação”para “destravar” a licença para o FZA-M-59. A conciliação” foi encerrada sem o resultado esperado por Silveira, Magda e companhia.

Mas o radicalismo de Silveira não se restringe aos combustíveis fósseis. Em audiência na Comissão de Minas e Energia da Câmara, o ministro defendeu a retomada das obras da usina termonuclear Angra 3, informam ValorO GloboCNNJovem Pan Petronotícias. Também vale lembrar sua recente proposta de instalação de reatores nucleares em comunidades isoladas da Amazônia.

O BNDES está prestes a entregar um amplo estudo, iniciado no ano passado, sobre os prós e contras da conclusão da planta. Mas Silveira não esperou para “passar pano” para a energia cara e arriscada da usina: “Não vamos ficar com aquele mausoléu para servir de visitação pelo mundo, enxergando aquilo como um fracasso de gestão do governo. Aquilo vai ser um sucesso do governo brasileiro", disse ele.
 

Clima extremo: nova onda de calor no Brasil pode trazer recordes de temperatura em agosto

Uma nova massa de ar seco sobre o país deve intensificar o calor, elevando os termômetros em áreas do Centro-Sul até o fim desta semana.

O frio intenso sentido nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste deu lugar a uma onda de calor que começou no fim de semana e deve se estender até 5ª e 6ª feiras (22 e 23/8). Além dos termômetros nas alturas, o Centro-Sul do país deve sofrer com a baixa umidade do ar e ausência de chuvas. O que não é nada bom para o combate aos incêndios que vêm destruindo o Pantanal.

De acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (INMET), a temperatura poderá subir até 5oC no período de 2 a 3 dias em várias áreas do Sul, Sudeste e Centro-Oeste, informa o Valor. O INMET também destacou a preocupação com a umidade relativa do ar, que deve ficar entre 20% e 30%, afetando Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Minas Gerais e outros estados, relata a Jovem Pan.

Em Cuiabá, no Mato Grosso, a temperatura atingiu 40oC na 6ª feira (17/8). Na véspera, os termômetros haviam indicado 41oC na cidade, que deverá ter uma longa sequência de dias com máximas iguais ou superiores a 40oC, destaca o MetSul. No vizinho Mato Grosso do Sul várias cidades registraram marcas próximas a 40oC na sexta: 39,8oC em Corumbá; 39,3oC em Nhumirim; 38,7oC em Água Clara; 38,6oC em Porto Murtinho; e 38,4oC em Miranda e Aquidauana.

Na cidade de São Paulo, o Centro de Gerenciamento de Emergências Climáticas (CGE) da prefeitura explicou que, além de temperaturas bem acima da média para esse período do ano, deve ocorrer uma grande amplitude térmica, com variações consideráveis ao longo do dia, destaca a Tupi FM. A estimativa é que a cidade registre máxima de 32°C hoje, e mínimas entre 15°C e 16°C.

Tupi FM chama atenção para os perigos à saúde das temperaturas elevadas. Como a previsão é que os termômetros permaneçam nas alturas por um período prolongado, aumenta o risco de doenças relacionadas ao calor. Além disso, a baixa umidade do ar é especialmente perigosa para idosos e crianças.

Em certas regiões do país, como o Centro-Oeste, a umidade relativa pode chegar a níveis similares aos do Deserto do Saara, abaixo de 10%. Isso exige cuidados redobrados e atenção às recomendações dos órgãos de saúde.

CNNFolhaRádio ItatiaiaVejag1 Meteored também repercutiram a nova onda de calor que atinge o país.

 

Novo recorde de temperatura da água do Mar Mediterrâneo

Medições do começo da semana passada já indicavam que as águas tinham igualado as temperaturas do recorde anterior, atingido em 24 de julho de 2023.

A temperatura da água no Mar Mediterrâneo alcançou novo recorde pelo segundo verão consecutivo do Hemisfério Norte. Informações preliminares do observatório climático europeu Copernicus mostram que na última 5ª feira (15/8) a temperatura média na superfície da água foi de 28,56°C e mediana de 28,90°C.

Informações do Copernicus e também de outros bancos de dados já vinham indicando o aquecimento do Mediterrâneo no último mês, em um momento em que vários pontos do sul da Europa enfrentaram ondas de calor. E medições do começo da semana já indicavam que as águas tinham igualado as temperaturas do recorde anterior, de 24 de julho de 2023, que teve média diária de 28,40°C e mediana de 28,71°C, detalha a Folha.

"A temperatura máxima em 15 de agosto foi atingida na costa egípcia, em El-Arish (31,96°C)", explicou Justino Martinez, pesquisador do Instituto de Ciências do Mar em Barcelona, na Espanha. No entanto, o cientista destacou que o valor identificado "deve ser tomado com cautela" até ocorrerem mais verificações.

Para Martinez, “o que é notável não é tanto atingir um máximo num determinado dia, mas observar um longo período de altas temperaturas, mesmo sem bater um recorde. Desde 2022, as temperaturas da superfície têm estado anormalmente altas durante longos períodos, mesmo se considerarmos um ambiente de mudanças climáticas”, explicou o cientista, em fala destacada por Agência Brasil Um só planeta.

A região do Mediterrâneo há muito tempo é classificada como um ponto crítico das mudanças climáticas. Segundo os cientistas, os oceanos absorveram 90% do calor excessivo produzido pela atividade humana desde o início da era industrial, destacam RFI Phys. org. Esse calor continua a se acumular à medida que mais combustível fóssil é queimado aumentando assim a concentração de CO2 na atmosfera.

O superaquecimento dos oceanos deve impactar toda a vida marinha, provocando migração de espécies e disseminação de espécies invasoras. Isso pode ameaçar os estoques de peixes e, assim, comprometer a segurança alimentar em certas partes do mundo.

Além disso, oceanos mais quentes são menos capazes de absorver o CO2, reforçando o ciclo vicioso do aquecimento global.

RTP France24 também repercutiram o recorde de temperatura no Mediterrâneo.

 

Furacão Ernesto avança pelo Atlântico e chega ao Canadá

Mesmo tendo se transformado em tempestade tropical após atingir as Bermudas, Ernesto pode ganhar força ao chegar na costa canadense e voltar a ser furacão.

Após atingir as ilhas Bermudas como um furacão de categoria 1 no fim de semana, Ernesto perdeu a força e se transformou em tempestade tropical após sua passagem pelo arquipélago. No entanto, conforme se desloca pela costa leste dos Estados Unidos, o fenômeno pode voltar a ganhar força e se tornar novamente um furacão ao chegar na costa do Canadá hoje.

Ernesto faz parte de uma temporada de furacões no Atlântico com atividade acima do normal devido a uma confluência de fatores, incluindo temperaturas oceânicas quentes quase recordes no Oceano Atlântico provocadas pelas mudanças climáticas, desenvolvimento das condições de La Niña no Pacífico, ventos alísios reduzidos no Atlântico e menos cisalhamento do vento, que tendem a favorecer a formação de tempestades tropicais.

Na manhã de domingo (18/8), Ernesto estava a cerca de 950 km ao sul de Halifax, na Nova Escócia, movendo-se para norte-nordeste a uma velocidade de 26 km/h, com ventos máximos sustentados de 113 km/h, informa a NBC. O centro do furacão deve passar perto do sudeste de Newfoundland na noite de hoje até a manhã de 3ª feira (20/8).

"Os únicos impactos esperados no Canadá são ondas moderadas a pesadas ao longo da costa atlântica da Nova Escócia, e alguma chuva e ventos moderados no extremo sudeste de Newfoundland", disse o Environment Canada ontem. "Ondas grandes podem ser esperadas nesta segunda-feira", completou.

Nos EUA, embora não tenha atingido o continente, várias praias foram fechadas em Nova York no domingo devido ao risco que Ernesto representava na costa, segundo o New York Times. Dois homens se afogaram em Hilton Head Island, na Carolina do Sul, na 6ª feira (16/8), informaram as autoridades.

Nas Bermudas, Ernesto chegou com ventos de até 137 km/h e ondas de mais de 10,5 metros na costa. A trajetória do furacão pelo arquipélago foi descrita como um “evento raro” pelo Weather Channel, já que é incomum que o olho de ciclones tropicais passe diretamente sobre essas ilhas, destaca o Guardian.

No início da semana passada, Ernesto passou por Porto Rico e deixou mais de 730 mil pessoas sem energia elétrica. Grandes inundações foram relatadas em diversas áreas do território porto-riquenho e também das Ilhas Virgens Americanas, forçando as autoridades a bloquear estradas. Foi nessa passagem por Porto Rico que Ernesto ganhou intensidade e evoluiu para um furacão de categoria 1.

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