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ClimaInfo, 13 de setembro de 2024

 


Uma leitura diária dos muitos assuntos relacionados às mudanças climáticas

13 de setembro de 2024


Incêndios e queimadas fazem da Amazônia região que mais emite carbono no planeta

Dados do observatório Copernicus indicam que o sudoeste da Amazônia foi a região que mais emitiu gases de efeito estufa do planeta na última semana.

A explosão de incêndios florestais e queimadas na Amazônia transformou o bioma em uma das maiores fontes de emissões de gases de efeito estufa (GEE) do mundo na última semana. De acordo com as medições do observatório europeu Copernicus feitas a partir de imagens de satélite, o sudoeste amazônico foi a região do planeta que mais liberou GEE na atmosfera nos últimos cinco dias.

O dado foi destacado pelo pesquisador Lucas Ferrante, da Universidade de São Paulo (USP) e da Universidade Federal do Amazonas (UFAM), ao jornal O Globo. A conclusão é baseada no volume de aerossóis e de monóxido de carbono captado nessa área. Esses gases são associados a GEE como o dióxido de carbono, que também é liberado nos incêndios.

A Amazônia acumula mais de 82 mil focos de calor desde janeiro até 9 de setembro, o dobro do observado no mesmo período no ano passado e abaixo apenas dos números de 2007, quando o bioma registrou mais de 85 mil focos. Agência CenariumMetrópoles R7 também repercutiram os dados.

Em parte, essa explosão dos casos de fogo na Amazônia está relacionada à seca histórica que o bioma atravessa neste ano, o que facilita as condições para a disseminação das chamas. No entanto, a causa do fogo pouco tem a ver com o clima: a ação humana direta é a principal responsável, com os incêndios intencionalmente provocados em áreas de floresta para facilitar a retirada da vegetação nativa, ou a queimada descontrolada de pastos.

O clima seco torna o fogo incontrolável, deixando áreas de floresta nativa mais expostas ao risco das chamas. Segundo o Monitor do Fogo, do IPAM e do MapBiomas, a área de floresta nativa queimada na Amazônia aumentou 132% em agosto passado na comparação com o mesmo mês de 2023. Cerca de ⅓ da área incendiada em todo o bioma é composta por vegetação nativa, áreas que não foram desmatadas previamente, como é comum nas ocupações ilegais da região.

Normalmente são registradas queimadas em áreas agropecuárias com grande destaque para as áreas de pasto. Neste ano, parece que o clima tem impactado a tendência, infelizmente, deixando as florestas mais inflamáveis e suscetíveis aos incêndios”, explicou Ane Alencar, diretora de ciência do IPAM, ao g1.

A situação da Amazônia causa preocupações não apenas aos brasileiros. Em entrevista à CNN Brasil, o secretário-executivo da Convenção-Quadro da ONU sobre Mudanças Climáticas (UNFCCC), Simon Stiell, defendeu uma ação coletiva global para evitar as queimadas na Amazônia e outros eventos climáticos extremos.

A única maneira de vermos uma diferença no que estamos acompanhando em termos desses eventos extremos induzidos por mudanças climáticas é por meio da solidariedade global, ação global, para cumprir o Acordo de Paris”, disse Stiell.

Em tempo: Palco do infame “Dia do Fogo” em 2019, o município de Novo Progresso (PA) tem dois candidatos à prefeitura ligados a atividades de devastação florestal. O atual prefeito e candidato à reeleição, Gerson Dill (MDB), tem trajetória associada à exploração madeireira. Seu principal adversário é o ex-prefeito Juscelino Alves (PODEMOS), um piloto de avião que tem os garimpeiros como clientes. Como destacou a Repórter Brasil, além de ignorar a destruição da Amazônia em seus planos de governo, os dois candidatos defendem o legado antiambiental do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
 

Brasil em chamas: “chuva preta” deve atingir o Sul e o Sudeste

Fenômeno causado pela fuligem dos incêndios florestais e queimadas poderá ser observado em regiões do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná e São Paulo.

A fumaça das queimadas e dos incêndios florestais registrados em quase todo o Brasil – por enquanto, somente o sul não foi atingido pelas chamas – vai fazer mais do que aumentar a poluição atmosférica e tornar o ar quase irrespirável em cidades como São Paulo, Porto Velho e Manaus. Agora é a “chuva preta” que deverá atingir regiões do Sul e do Sudeste, devido à chegada de uma frente fria.

O fenômeno acontece quando as partículas de fumaça e poluentes em suspensão na atmosfera são lavadas pela chuva, misturam-se às gotas gerando a coloração escurecida. Nessa condição, a chuva pode poluir as águas superficiais e a vegetação e a água eventualmente captada é imprópria para consumo humano, por causa da presença de contaminantes nocivos à saúde, explica O Globo.

No Rio Grande do Sul, na 5ª feira (12/9), a “chuva preta” foi registrada em diversas cidades das regiões norte e noroeste do estado, informa a GZH. Já no início da semana o fenômeno atingiu Porto Alegre, Pelotas, Arroio Grande e Rio Grande. No Uruguai a “chuva preta” também aconteceu, relata a Exame.

A expectativa é que o fenômeno atinja áreas de Santa Catarina, Paraná e São Paulo nos próximos dias. Já na quinta-feira a cidade de São Paulo registrou "chuva" de fuligem na Zona Oeste da capital, na divisa com Osasco.

Com a aproximação da frente fria, a quantidade de fumaça sobre o estado de São Paulo poderá aumentar no fim de semana e gerar novamente a "chuva preta" na região. Os ventos tendem a ser moderados a fortes na 6ª feira e principalmente no sábado (13 e 14/9), numa direção que vai favorecer o transporte de mais fumaça sobre o estado.

Segundo o Climatempo, além do aumento da fumaça, outros fenômenos poderão ocorrer no fim da semana: redemoinhos de fumaça e de poeira e levantamento de cortina de poeira. Tudo por causa do aumento da velocidade dos ventos.

CNNEstadãoMetSulGlobo RuralMetrópoles SBT repercutiram a chegada e os efeitos nocivos da “chuva preta” à saúde humana e ao meio ambiente.

Em tempo: Com 5,65 milhões de hectares, agosto registrou quase metade (49%) de toda a área queimada no Brasil neste ano, mostra o Monitor do Fogo, do MapBiomas. A área queimada somente no mês passado é equivalente à de todo o estado da Paraíba. Na comparação com agosto de 2023, houve um salto de 149%, informam O Globo Valor. Foi o pior agosto da série do Monitor de Fogo, iniciada em 2019. As pastagens respondem por um em cada quatro hectares queimados (24%) e se destacam como a área de uso agropecuário que mais queimou no mês passado.

 

Estudo mostra que pelo menos 12 grandes rios brasileiros estão secando

Laboratório de Análise e Processamento de Imagens de Satélites (LAPIS) detectou redução na vazão de rios, lagos e reservatórios no Centro Oeste, Sudeste e Amazônia.

Dados do Centro Nacional de Monitoramento de Desastres Naturais (CEMADEN) mostram que o Brasil está vivendo a pior seca de sua história recente, numa extensão territorial inédita. Mais de um terço do território nacional – uma área de mais de 3 milhões de km², equivalente ao tamanho da Índia – enfrenta a estiagem em seu pior grau. E isso se reflete também nas bacias hidrográficas brasileiras.

Um levantamento do Laboratório de Análise e Processamento de Imagens de Satélites (LAPIS), da Universidade Federal de Alagoas (UFAL), mostra que os maiores rios do país estão secando, destacam O Globo Terra. O estudo detectou redução na vazão de rios, lagos e reservatórios das regiões Centro Oeste, Sudeste e da Amazônia.

Pelo menos 12 grandes rios já são afetados, segundo o LAPIS. Na lista de maior redução no volume de águas estão os rios Manso, Paranaíba e Jequitinhonha, em Minas Gerais; Tocantins, entre os estados de Tocantins e Maranhão; e Paraná, no trecho entre São Paulo e Mato Grosso do Sul.

Na Amazônia, o levantamento registra as reduções mais significativas nos rios Mamiá, em Coari, Tefé e Badajós, que cortam o estado do Amazonas. O Tefé possui cerca de 350 km de extensão, formando o lago de Tefé antes de desembocar no rio Solimões. O Badajós é afluente da margem esquerda do Solimões.

O estudo ainda mostra que pelo menos nove hidrelétricas podem ser afetadas por essa redução do volume de águas. Casos da UHE Irapé, no rio Jequitinhonha; UHE São Simão, no Paranaíba; UHE Porto Primavera, no rio Paraná; e UHE Estreito, no rio Tocantins.

Mas a situação mais grave é a do rio São Francisco, que já teve sua vazão reduzida em 60% nos últimos 30 anos. Além de abastecer centenas de municípios, as águas do “Velho Chico” são usadas para gerar eletricidade por cinco hidrelétricas: Sobradinho, Apolônio Sales, Paulo Afonso, Luiz Gonzaga e Xingó.

A baixa vazão dos rios brasileiros é também uma questão internacional, pois prejudica países vizinhos. É caso do lago natural Baía Grande, que faz parte da bacia Amazônica e é dividido entre Brasil e Bolívia, onde é chamado de Laguna Marfil. O lago tem uma superfície de cerca de 100 km2, das quais 52% pertencem à Bolívia e 48% ao Brasil.

 

Lula pode antecipar anúncio da presidência da COP30

Aliados do presidente defendem que o nome do futuro presidente da COP30 de Belém seja anunciado ainda neste mês, durante a Assembleia Geral da ONU. 

Uma das principais incógnitas relacionadas à COP30 no Brasil em 2025 pode ser resolvida em breve. Segundo a Folha, o presidente Lula tem sido aconselhado a antecipar o anúncio do nome para a presidência da Conferência. O governo pretendia formalizar o nome durante a COP29, no Azerbaijão, em novembro. Agora, existe a possibilidade dessa definição sair no final do mês, durante a Assembleia Geral da ONU em Nova York (EUA).

De acordo com interlocutores, o presidente gostou da ideia, que pode gerar um fato positivo para o Brasil em um momento delicado para o meio ambiente do país, tomado pela seca e pelas queimadas e incêndios. Ao mesmo tempo, a antecipação do nome do futuro presidente da COP encerra as especulações que marcaram os últimos meses dentro do governo.

Valor apurou que os nomes mais cotados para a presidência da COP30 são os da ministra Marina Silva (Meio Ambiente e Mudança do Clima) e do embaixador André Corrêa do Lago, secretário de clima, energia e meio ambiente do Ministério das Relações Exteriores. Segundo Basília Rodrigues, da CNN Brasil, outro nome cotado é o da secretária nacional de mudanças climáticas, Ana Toni.

Além de definir a presidência da COP30, Lula também pretende aproveitar sua passagem em Nova York para reforçar sua cobrança internacional por mais apoio dos países ricos e da ONU no enfrentamento das mudanças climáticas nos países pobres. O UOL indicou que o presidente deve propor a criação de um órgão internacional que tenha autoridade para fazer a gestão global desses esforços.

Já no front doméstico, o governo federal se desdobra para começar a dar alguma forma à Autoridade Climática, promessa antiga de Lula cuja criação foi anunciada nesta semana. Em entrevista ao jornal O Globo, Marina Silva defendeu que o novo órgão fique na linha de frente da gestão dos riscos climáticos no Brasil.

É uma política de médio e longo prazo. É você sair da gestão do desastre, que é necessária, e criar um paradigma novo da lógica da gestão do risco. Claro que tem medidas de curto prazo. Mas, em termos de pensar que o município possa se sentir adaptado e preparado, é um processo longo”, disse Marina.

A ministra confirmou que o Estatuto da Emergência Climática, que servirá como base para a Autoridade, deve ser criado e encaminhado ao Congresso Nacional como medida provisória. Já a Autoridade em si, ainda não há uma definição sobre como será criada. De acordo com ela, a ideia é que o novo órgão seja ligado ao Ministério do Meio Ambiente.

Ao Valor, Marina comentou também o esforço de sensibilização do Congresso pelo governo, especialmente na Câmara, onde a pauta ambiental não é bem vista pela maior parte dos parlamentares. Segundo a ministra, o presidente da Câmara, deputado Arthur Lira (PP-AL), está “de acordo com a ideia de implementar uma política preventiva”. Considerando o passado “boiadeiro” de Lira, resta saber até que ponto vai esta concordância.

 

G20 avança no debate sobre acesso a fundos climáticos e ambientais

Presidência brasileira do G20 concluiu trabalhos de GT de Finanças Sustentáveis, com sugestões aos líderes internacionais sobre caminhos para facilitar o acesso a fundos climáticos.

Mais uma etapa importante da agenda brasileira na presidência do G20 terminou nesta semana. O Grupo de Trabalho de Finanças Sustentáveis (SFWG, na sigla em Inglês), realizou seu quarto e último encontro nesta semana no Rio de Janeiro e fechou as propostas que serão discutidas entre os ministros de economia antes da cúpula do G20.

Depois de meses de discussão, o SFWG conseguiu avançar nas prioridades estabelecidas pelo Brasil para as discussões sobre finanças sustentáveis. Os negociadores deram atenção especial a um desses pontos: a facilitação do acesso aos fundos climáticos internacionais, como o Fundo Climático Verde (GCF), o Fundo de Adaptação, o Global Environment Facility (GEF) e os Climate Investment Funds (CIFs).

A gente já consegue dizer que teremos um apoio substantivo do G20 para dar início a esse processo de desburocratização de acesso aos fundos verdes”, comentou Ivan Oliveira, subsecretário de Financiamento ao Desenvolvimento Sustentável do Ministério da Fazenda e coordenador do SFWG, em entrevista ao ClimaInfo.

De concreto, o que a gente vai fazer é reduzir o tempo que se leva para o encaminhamento e a aprovação de um projeto e que mais entidades sejam acreditadas. (…) Isso fará com que o recurso chegue na ponta de forma rápida. Se o clima é urgente, não se pode esperar quatro, cinco anos para receber um recurso”, disse Oliveira.

Como o Valor explicou, o conjunto de sugestões para facilitar o acesso aos fundos climáticos - além de outros objetivos do GT, como princípios para uma transição justa, reportes de sustentabilidade, e instrumentos financeiros para soluções baseadas na natureza - será levado para a reunião ministerial da trilha de finanças, programada para ocorrer em outubro em Washington (EUA), antes da cúpula do G20 no Rio de Janeiro, em novembro.

O trabalho sobre finanças sustentáveis no G20 deve consolidar o tema nas discussões internacionais, observou a embaixadora Tatiana Rosito, coordenadora da trilha de finanças da presidência brasileira do G20. “Não há caminho de volta para as finanças climáticas depois do G20, por causa de todas as tragédias e eventos climáticos que vemos, também no Brasil”, disse ela, citada pelo Valor.

Agência Brasil também repercutiu essas informações.

Em tempo: O tom otimista nas discussões sobre finanças climáticas do G20 no Rio contrasta com o pessimismo de observadores da sociedade civil nas discussões preparatórias para a COP29 de Baku. Nesta semana, os negociadores concluíram sua reunião técnica final antes da Conferência, mas a agenda de financiamento climático segue travada. Em nota, a Climate Action Network (CAN International) criticou duramente a falta de avanços nas negociações e o risco de um fracasso político em novembro no Azerbaijão. “É vergonhoso como os países vêm minando essas negociações financeiras. Se obtivermos um resultado fraco na COP29, será culpa deles e devastador para as comunidades do Sul Global”, alertou Mariana Poli, da Christian Aid. 
 

La Niña pode atrasar e ocorrer apenas em 2025, alerta ONU

Novas projeções indicam uma possibilidade mais baixa para o La Niña ocorrer no Pacífico Central ainda em 2024; calor global pode persistir nos próximos meses.

A Organização Meteorológica Mundial (OMM) revisou suas previsões de longo prazo e indicou uma maior probabilidade do fenômeno La Niña ocorrer a partir do final de 2024 ou do começo de 2025. As novas projeções indicam uma probabilidade de 55% de transição das atuais condições neutras para o La Niña durante setembro e novembro de 2024; essa probabilidade aumenta para 60% no período de outubro de 2024 a fevereiro de 2025.

La Niña descreve o resfriamento em larga escala das temperaturas da superfície do Pacífico equatorial central e oriental, juntamente com mudanças na circulação atmosférica tropical. Os efeitos de cada La Niña variam dependendo de sua intensidade, mas eles costumam diminuir (ou, no contexto da crise climática, limitar o crescimento) a temperatura média global.

As projeções anteriores indicavam uma probabilidade maior do La Niña ocorrer ainda no 3o trimestre de 2024, mas os novos cálculos indicam que o fenômeno deve ocorrer mais tarde. Enquanto isso, as temperaturas médias globais seguem batendo recordes, como observado neste verão no Hemisfério Norte, o mais quente já registrado.

Desde junho de 2023, temos visto uma longa sequência de temperaturas globais excepcionais da superfície terrestre e marítima. Mesmo que um evento de resfriamento de curto prazo do La Niña ocorra, ele não mudará a trajetória de longo prazo de aumento das temperaturas globais devido aos gases de efeito estufa que se acumulam na atmosfera”, observou a secretária-geral da OMM, Celeste Paulo.

Outra projeção, apresentada pelo Centro de Predição Climática da Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos EUA (NOAA), ainda mantém uma expectativa maior de ocorrência do La Niña em 2024. De acordo com o órgão, o fenômeno tem probabilidade maior de ocorrer (71% de chance) entre setembro e novembro deste ano e deve persistir até janeiro e março de 2025, o que indica um La Niña mais fraco e de curta duração. 

BloombergCNN BrasilCorreio BrazilienseFolhag1MetSul Reuters, entre outros, abordaram as projeções mais recentes sobre o La Niña.

 

Assim como OPEP, IEA reduz previsão de aumento da demanda de petróleo

Demanda global por petróleo está "desacelerando bruscamente" à medida que a economia chinesa esfria, levando preços ao nível mais baixo em três anos, informa agência.

O consumo mundial de petróleo aumentou em 800 mil barris por dia (bpd) na primeira metade do ano, apenas um terço da expansão em igual período de 2023, mostra o Oil Market Report de setembro da Agência Internacional de Energia (IEA). É o menor índice de crescimento desde o colapso da demanda pelo combustível fóssil durante a pandemia de 2020.

Segundo a IEA, a demanda global por petróleo está "desacelerando bruscamente" à medida que a economia da China desacelera, o que fez a agência rever para baixo as projeções para este ano. A previsão agora é de um crescimento do consumo de 900 mil barris por dia, uma queda de 70 mil bpd, ou 7,2%, sobre a previsão anterior, que está no limite inferior da faixa esperada pela indústria, explica a Reuters.

O cenário derrubou os preços da commodity a seu nível mais baixo em três anos, destaca a Bloomberg. Os preços do petróleo tipo Brent caíram abaixo de US$ 70 o barril na 4ª feira (11/9) pela primeira vez desde o final de 2021, devido a preocupações com dados tanto da China quanto dos Estados Unidos, os dois maiores consumidores mundiais do combustível fóssil. Uma grande interrupção na produção da Líbia e os cortes prolongados de fornecimento pelos integrantes da OPEP [cartel que reúne países com grande produção de petróleo] não conseguiram conter a queda dos valores.

A redução da demanda chinesa se dá também por uma mudança na estrutura de transportes do país, com “uma substituição acelerada do petróleo em favor de combustíveis alternativos” segundo a IEA. “O aumento nas vendas de veículos elétricos está reduzindo a demanda por combustível [fóssil], enquanto o desenvolvimento de uma vasta rede ferroviária nacional de alta velocidade está restringindo o crescimento das viagens aéreas domésticas”, destaca o relatório.

Fora da China, o crescimento da demanda por petróleo é “morno, na melhor das hipóteses”, afirma o documento. E “com o aparente esgotamento do crescimento da demanda por petróleo da China e apenas aumentos modestos ou declínios na maioria dos outros países, as tendências atuais reforçam nossa expectativa de que a demanda global atingirá um pico até o final desta década", reitera a IEA.

Também nesta semana a OPEP reduziu pelo 2º mês consecutivo suas projeções para o aumento do consumo de petróleo neste e no próximo ano. Assim como a IEA, a entidade apontou a China como a grande responsável por esse downgrade.

Financial TimesWall Street JournalBusiness Standard oilprice.com também repercutiram o novo downgrade da IEA no consumo de petróleo neste ano.

 

Clima extremo: furacão Francine avança sobre o sul dos EUA

Francine enfraqueceu após atingir a Louisiana, mas sua intensificação rápida e inesperada é algo que se torna cada vez mais comum devido às mudanças climáticas.

O furacão Francine avançou pelo sul dos Estados Unidos na 5ª feira (12/9), levando fortes chuvas e rajadas de vento à região. A passagem da tempestade deixou mais de 400 mil residências e empresas sem energia e cancelou centenas de voos após chegar à terra, informam Bloomberg Reuters.

Francine atingiu o distrito de Terrebonne, no sul da Louisiana, na 4ª feira, com ventos sustentados de cerca de 160 km/h ao chegar da costa do Golfo do México. A tormenta causou inundações repentinas. Em um único dia, Nova Orleans recebeu o equivalente a um mês de chuva.

Ao longo do dia de ontem Francine foi perdendo força. A tempestade enfraqueceu de um furacão categoria 2 para uma depressão tropical, com ventos de 55 km/h, à medida que se aproximava de Jackson, no Mississippi, informou o Centro Nacional de Furacões.

Mesmo assim, chuvas pesadas eram esperadas durante todo o dia em Louisiana, Mississippi, Alabama e no panhandle da Flórida, depois que muitas áreas foram inundadas com aguaceiros por horas. Algumas regiões podem receber até 300 mm de chuva antes que a tempestade diminua completamente, disse o National Weather Service.

Francine pode estar enfraquecendo, mas sua intensificação rápida e inesperada para um furacão de categoria 2 é algo que, segundo cientistas, está se tornando cada vez mais comum devido às mudanças climáticas, destaca o Guardian. A taxa média de intensificação de furacões hoje é quase 30% maior do que antes da década de 1990, devido ao acúmulo de gases de efeito estufa gerados pela queima de combustíveis fósseis.

A intensificação rápida pode criar tormentas muito mais fortes que Francine. Ian, uma das tempestades mais pesadas a atingir os EUA, tornou-se inesperadamente um evento de categoria 5 antes de atingir a Flórida em 2022 e causou 149 mortes.

APCNNNew York TimesBBCAxiosWeather ChannelCBSnpr USA Today também noticiaram os estragos provocados por Francine no sul dos EUA.

Em tempo: Enquanto tenta se recuperar dos efeitos do supertufão Yagi, que causou mortes e destruição na Tailândia, no Vietnã e na China, o sul da Ásia se prepara para ser atingido por mais uma tempestade. O tufão Bebinca está previsto para atingir a costa leste chinesa na 2ª feira (16/9), ameaçando causar chuvas torrenciais que podem interromper refinarias de petróleo e paralisar o transporte, informa a Bloomberg. Na Tailândia, que ainda contabiliza os mortos por Yagi, mais de 40 províncias foram colocadas em alerta para possíveis inundações repentinas por causa de Bebinca, relatam Bloomberg Reuters. Já em Hanói, no Vietnã, milhares de pessoas que viviam perto do rio Vermelho foram evacuadas. As águas do rio ainda inundavam as ruas da cidade dias depois de Yagi atingir o norte do país, matando pelo menos 197 pessoas, informam BBCGuardianFrance24 New York Times.

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